quinta-feira, 30 de julho de 2020

FAÇA VOCÊ (POR SI) MESMO


Por Anderson L. Souza

O Brasil está em crise e todos os lados foram afetados. O governo atual, escolhido democraticamente, é composto por um grupo de pessoas chulas e extremamente violentas. Nossos representantes institucionais têm demonstrado o quanto são nocivos para o país dentro e fora do território. Todos os setores e ministérios estão comprometidos e a degradação das conquistas progressistas está sendo estabelecida. Um infame grupo político e ideológico que nega a história, as diferenças, a ciência, o bom senso e a vida, está no controle e a ignorância de um povo os colocou onde estão.

Enquanto isso, o mundo combate o surto de um vírus mortal e o Brasil, considerando as subnotificações no momento em que redijo esse parágrafo, já atingiu a marca de cem mil mortos. Maior parte dessas perdas é creditada aos parasitas que estão no comando, ou aos genocidas, como são considerados por muitos. Para quem nega esse governo, segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde e tem a oportunidade de ficar em casa, como eu, o isolamento social pode ser um bom momento para se instruir, refletir, mudar hábitos e produzir conteúdos. E assim tem sido comigo, dos males tenho tentado extrair o melhor.

Com mais tempo disponível, após as comuns atividades diárias, tenho me dedicado a produzir peças artísticas como músicas e vídeos. Tenho engavetado um bom número de composições que nunca vieram à luz e, agora, aproveito para fazer o registro delas e disponibilizá-las ao mundo dos interessados. Aos meus olhos, o processo tem sido cada vez mais rápido, visto que tenho feito quase tudo sozinho. Gosto e tenho procurado parcerias para colaborar com as produções, mas poucos são os que se habilitam a participar. Entendo que muitos não têm o mesmo tempo livre que eu. Alguns têm que ir trabalhar, outros tem filhos pra cuidar, outros têm seus próprios projetos para dar conta e tem também os que não têm o menor interesse. Diante das circunstâncias, tenho adotado o método punk do “faça você mesmo” e, modestamente, os resultados têm sido muito satisfatórios.

Evidentemente que uma atividade em equipe pode render bons frutos. Uma produção coletiva traz uma série de aprendizados que em outras situações não seriam do mesmo modo conquistados. Além disso, é muito bom poder ter uma ideia a partir da ideia do outro, ter alguém com quem possa tirar uma dúvida, conhecer e aprender algo novo que só o outro tem experiência, compartilhar culturas e construir um bem comum. Além de que o trabalho e os esforços são ampliados quando se tem que dar conta de tudo sozinho.

Mas, uma tarefa executada por conta própria também pode ser algo positivo, pois o que poderia ser um obstáculo pode ser um momento de superação. Outro fator diz respeito à responsabilidade que se assume sobre o que der certo ou errado. O crédito é apenas seu, ninguém além de você poderá carregar a dor ou a glória do que acontecer. Além disso, é importante não se anular, ou seja, deixar de agir pelo fato de não ter alguém para te auxiliar em seu percurso produtivo.  Se privar da realização de qualquer ação em razão de achar que depende do outro para acontecer, não deveria ser levado em consideração, não pode ser motivo de desistência.

Nessa perspectiva, acabo de produzir a música “Experimentum Crucis”, gravando todos os instrumentos e produzindo um lyric vídeo para potencializar o sentimento que a canção expressa. Na realidade, a composição soa quase como uma metalinguagem. Pois, é enfrentando as dificuldades e delas acumulando experiências que podemos ter condições de dissipar possíveis situações futuras e evoluirmos como indivíduos. Acredito que devemos fazer o melhor que podemos, mas não devemos nos submeter a padrões que nos acorrentem à sensação de fracasso. Façamos do nosso jeito, com nossas verdades, respeitando o próximo, mas sem esperar por contribuição e aceitação alheia. Somos seres sociais, de um modo geral a solidão não nos faz bem. Mas, somos seres adaptáveis e mais do que conviver bem com o outro, devemos primeiro aprender a nos sentir confortáveis e confiantes com o nosso próprio ser.

Confira o material audiovisual logo abaixo...


segunda-feira, 13 de julho de 2020

MUSÍCA POP DE PROTESTO ROCK



Por Led Beslard

Durante uma conversa sobre o rumo do Brasil, após o golpe de 2016, nasceu a música “Futuro Presente”, composição feita por mim em parceria com o músico Tony Sales. Na ocasião, estávamos no estúdio e enquanto o diálogo se dava, fui dedilhando uns acordes e liberando umas frases, logo complementadas por Tony. Foi um processo muito espontâneo e rápido. Apesar de termos tido condições de iniciar o registro sonoro, até mesmo com o celular, nos contentamos em anotar tudo apenas com caneta em papel. Demos a canção por finalizada, guardei o rascunho e partimos para outros assuntos.

O tempo passou, mas a indignação evidenciada na conversa permanecia. De lá pra cá o Brasil veio descendo a ladeira, como cantava Morais Moreira e os Novos Baianos, sem freio e em velocidade máxima. Injustiças, fake news, autoritarismo, degradação ambiental, crise econômica, corrupção, assassinatos, fanatismo político e religioso, intolerância, racismo, feminicídio, ideologização da educação, polarização social, tudo isso passou a ser norma. Com a chegada da Covid-19, o descaso e as irresponsabilidades governamentais na área da saúde mostraram-se chocantes. Ou seja, o Brasil está nas mãos de um genocida, idólatra dos EUA, que flerta com o fascismo e ameaça a militarização institucional completa.

Fui rever a música engavetada e percebi que quase previmos o futuro em nosso rascunho musical sobre as possibilidades de um porvir que nos aguardava. Mas, o futuro já estava diante de nós. As coisas foram e estão acontecendo de imediato, nada ficou para tempos distantes. Senti então a necessidade de expressar meu repúdio contra todas essas atrocidades e iniciei o processo para apresentar esse material inédito (em termos de trabalho artístico, pois a realidade que vivemos dispensa legendas) como um manifesto. Chamei Tony, que é percussionista, para iniciarmos a gravação da música. Mas, ele estava muito ocupado com outras atividades e não teve como participar do projeto.

Comecei gravando umas guitarras, o baixo e testando alguns ritmos, mas após um bloqueio criativo, solicitei ajuda a Daniel Dattoli (ex Cobalto), que arranjou e produziu a faixa, além de se responsabilizar com a programação, violão, guitarra e teclado. Como sempre, tive a voz de Laura Juliana dando o brilho final. Fiquei contente com sua participação, porque a distância não impediu que ela colaborasse e obtivéssemos um bom resultado. Juliana reside em Roraima, mas a tecnologia e a boa vontade, tanto dela quanto de Daniel, foram fundamentais para uma finalização exitosa.

Para incrementar a divulgação da música, resolvi fazer um vídeo e comecei a coletar imagens na internet que reforçavam o diálogo musical. E não foi difícil exemplificar a letra da canção. Enfim, segue aqui o resultado final desse trabalho coletivo que, mesmo seguindo uma linguagem pop, traz a atitude, o espírito crítico e de protesto muito comuns nas bandas de rock de outrora. Assim, apesar de todas as agruras, ofereço esta música para celebrar com muita alegria o Dia Mundial do Rock.