quarta-feira, 28 de setembro de 2011

UM OLHAR SOBRE O 6º CAFÉ FILOSÓFICO
Por Led Beslard

Com o tema “Um olhar filosófico sobre a obra de Clarice Lispector”, o 6º Café Filosófico (CFP/UFRB), completou um ano de existência com chave de ouro.

Além da excelente palestra da Profª. Denise Magalhães, acompanhada da Profª. Ângela Vilma, o evento foi bastante elogiado por sua típica e peculiar organização. O público composto por estudantes, professores de diversas áreas e membros da comunidade local pôde ver e ouvir claramente toda a discussão de maneira atenta e participativa.

Com o fechamento do Café & Cultura, sede das discussões filosóficas anteriores, o projeto foi bem recebido no restaurante A Venda. E, ao que parece, a parceria deve permanecer por tempo indeterminado.

A Profª. Geovana Monteiro e o Prof. Gilfranco Lucena disseram estar muito contentes com a boa repercussão que o Café Filosófico vem tendo, não só no meio acadêmico, mas também fora dele. E revelaram ainda que foi muito significativo perceber a satisfação do público e, principalmente, das palestrantes convidadas. Evidentemente, tal satisfação não é de se estranhar (e todos estavam notadamente agradecidos) diante da maneira atenciosa e respeitosa com que foram tratados.

Apesar da forte presença do público não revelar necessariamente o sucesso de qualquer evento (no máximo uma boa divulgação ou remuneração – o que não é o caso), o Café Filosófico atingiu a audiência esperada, tanto quantitativa quanto qualitativamente.

Fica aí pra você uma mostra compactada do que foi e, consequentemente, está por vir nos próximos Cafés Filosóficos.



* Uma versão estendida do vídeo será catalogada na biblioteca do CFP/UFRB.

domingo, 25 de setembro de 2011

DIREITOS & DEVERES
(Culpados ou Inocentes?)

Por Led Beslard.

Quando consideramos algo fora do normal, temos a tendência de julgar alguém e condená-lo culpado pela suposta anormalidade. Quase sempre este alguém é o outro, quase nunca nós mesmos. Nos sentimos senhores da razão. Dizemos o que é certo e o que é errado. Ainda assim, contradizemos nossos próprios argumentos, pois nossas ações não correspondem aos nossos discursos.

Culpamos os políticos por serem corruptos, mas quando há uma oportunidade tiramos vantagem das outras pessoas. Não devolvemos o troco que recebemos a mais, não procuramos o dono de algum objeto encontrado na rua, subornamos para conseguir o que queremos, mentimos para não assumirmos que estamos enganados. Será que temos moral para criticar, julgar e condenar alguém?

Reivindicamos nossos direitos, mas além de ignorarmos os direitos dos nossos semelhantes, esquecemos que também temos deveres, e estes dificilmente são aceitos. Acredito na liberdade de escolha, mesmo quando essa escolha nos pareça imposta de alguma maneira, mas ainda assim podemos dizer sim ou não e arcarmos com as conseqüências. Religiosos dizem que Deus deu livre arbítrio aos homens, mas quando estes fazem alguma merda atribuem a culpa ao Diabo. Pobre coitado!

Há um ditado que diz: “errar é humano, mas persistir no erro é burrice”. Ao que me parece, somos tão humanos que nos bestializamos dia após dia. Passamos por cima da nossa própria segurança, mesmo quando temos condições de nos proteger de maneira legal. Por exemplo, se um pedestre for atropelado ao atravessar a rua fora da faixa de trânsito, de quem é a culpa? Nossa lei de trânsito proíbe dirigir sem cinto de segurança e agora o consumo de bebidas alcoólicas ao trafegar, tomando como princípio a segurança para os ocupantes do veículo e a prevenção de acidentes nas estradas. Mas é comum presenciarmos a irresponsabilidade do homem em combinações fatais. Mais uma vez pergunto, de quem é a culpa?

Claro que não somos particularmente culpados por tudo que acontece no mundo, porém não devemos nos desviar das nossas responsabilidades. Em período eleitoral, alguns logo escolhem seus candidatos, outros não sabem em quem votar e há também aqueles que, certamente, votarão nulo; mas no final das contas um acusará outro de ter feito uma escolha errada.

Abaixo, segue mais um vídeo da época de faculdade, produzido por mim e outros colegas, abordando a arbitrariedade de outros alunos que, desconsiderando normas de segurança, superlotaram um dos elevadores da faculdade causando um acidente. Felizmente, ninguém ficou ferido. Mas, mesmo estando visivelmente sem razão, diziam-se indignados pela situação e culpavam a instituição pelo fato ocorrido. E sem admitir qualquer tipo de culpa, reivindicavam, desinformadamente e conseqüentemente com argumentos falhos, por melhorias no veículo de transporte (isso até me lembra outra situação atual semelhante, mas deixa esse assunto pra lá...).



PS: Quero deixar claro que todos os exemplos dados não fazem parte de uma generalização de comportamento, mas, por outro lado, tais ações não deixam de ser as mais convencionais. O texto pode até parecer politicamente correto, contudo, é mais correto dizer que, de um modo geral, nem eu nem você somos assim.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

PEARL JAM... STILL ALIVE...
Por Geovana Monteiro



Estereotipia é um conceito usado por T. Adorno e M. Horkheimer para designar a maneira padronizada como a indústria cultural gere seus produtos. A aparência de novidade é uma ficção, pois, a indústria da cultura sempre se encarrega de imprimir na produção artística a marca da mesmice. A cultura pop norte-americana talvez seja o exemplo mais claro do que os filósofos da teoria crítica queriam dizer já no início da década de 40 do século passado.

Mas, de tempos em tempos, nasce da regra uma exceção; do comum, o extraordinário. A década de 90 do século XX brindou sua juventude com raros talentos do cenário musical norte-americano com o que ficou rotulado e conhecido como movimento grunge de Seattle. Não é minha intenção aqui registrar o que foi este movimento. Basta dizer que foi dele que surgiram bandas como Nirvana, Alice in Chains e Soundgarden. O que me interessa aqui é registrar que esse estereotipado “movimento grunge” simplesmente permitiu o surgimento daquela que seria, na minha opinião, a banda norte-americana mais bem sucedida dos últimos 20 anos. É do Pearl Jam que pretendo falar.

Não se trata de ser fã, alguma coisa que não me considero ser de ninguém. Trata-se antes de admiração e respeito por um grupo de 5 músicos maduros, talentosos e simplesmente brilhantes em sua função. Pearl Jam comemora em 2011 vinte anos de música, estrada e histórias emocionantes. Tudo isso foi magistralmente documentado por Cameron Crowe, fã confesso do som da Seattle noventista e do Pearl Jam. Assisti ao filme de Crowe na última terça, me larguei de Amargosa para Salvador só pra isso. Valeu à pena! Conheci um Eddie Vedder mais íntimo, e até comecei a entender o Stone. Valeu à pena também por termos, eu e meu marido, conseguido o que ninguém conseguiu: o pôster (que imploramos ao funcionário do cinema depois que todo mundo já havia ido embora). Por fim, o filme só confirmou o que nós admiradores já sabíamos: Pearl Jam é a banda americana mais coerente e consistente dos últimos vinte anos! E eles ainda estão vivos, firmes e fortes!

Posso dizer que Pearl Jam é a trilha sonora da minha vida, mesmo na fase mais punk rock/hard core, eles sempre estiveram lá embalando minhas conquistas, mas também meus fracassos. Ter assistido ao filme foi uma etapa emocionante da odisseia PJ20, mas não a última, não o clímax. Agora só me resta esperar até 06 de novembro, quando eu e meu marido (que finalmente caiu em si e percebeu que Pearl Jam broca!), completaremos nossa peregrinação no Rio de Janeiro, na Praça da Apoteose.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

MAKE YOUR CHOICE



RESUMO DA PROGRAMAÇÃO:

Coral Infantil (Amargosa)

Grupo Arco-íris (Cruz das Almas)

Grupos de Capoeira (de diversas localidades da zona rural de Amargosa)

Grupo de Resgate Cultural da Comunidade do Tamanduá

Grupos de Samba de Roda de Amargosa

Exposição de obras de artistas plásticos no espaço da CASA

Músicos cantores diversos (estilos: MPB, rap, forró, rock, reggae, etc...)

Performance de Grafite e Hip-Hop

Arena poética e performática com artistas de diversas cidades

Mostra de curta-metragens do Cine Rapadura

Exibição de vídeos de Led Beslard

Exibição do documentário "Recôncavo na Palma da Mão", produzido por Edinilson Mota Dias da TVE

Performanes itinerantes na CASA.


PS: O espaço está também aberto para interferências e provocações literárias, artísticas e culturais.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

RETIFICANDO ALGUMAS IDEIAS ANÔNIMAS
Por Anderson Souza



Não costumo responder aos comentários que são feitos no blog, pois não quero dar a impressão de bate boca. Quando publico algo, é exatamente o que eu queria dizer e o espaço para comentários é exclusivo de quem lê e deseja tecer suas opiniões, sejam elas contra ou a favor das minhas. Porém, desta vez sou obrigado a esclarecer pontos deveras equivocados sobre o Café & Cultura, sobre este blog e, consequentemente, sobre mim, de alguém que (com todo o direito) não quis se identificar.

O fatídico comentário anônimo está ligado ao texto “Outro Novo Ciclo...”, postado aqui, no dia 4 de agosto de 2011 (quarta-feira); comentário este no qual, sem contar os erros gramaticais (de certo modo irrelevantes, diante do contexto real), o que de fato me incomodou foi a total falta de informação e a fragilidade dos argumentos da pessoa ofendida. Então, vamos lá!

Você que não me conhece (por sorte nem teve interesse), mas tinha a obrigação de procurar saber quem sou para falar o que falou. Assim, descobriria que não sou professor, não sou aluno e nem faço parte de qualquer área do CFP / UFRB. O Café & Cultura nunca foi projeto dos professores de tal instituição, e este Ambiente Coletivo (como o próprio nome diz) pode ser utilizado por qualquer um que deseje escrever ou produzir conteúdo substancial, porém a coordenação é toda minha. Ou seja, a UFRB está na sua cabeça, assim como se tornou o centro de tudo que acontece ou deixa de acontecer em Amargosa, para você e seus conterrâneos.

Desculpe, não quero parecer arrogante, mas você sabe o que é um Café? O Café & Cultura era um espaço comercial, com estética e atividades artísticas e culturais, que levava em consideração a própria história da cidade. Sendo “filha de Amargosa”, você deve saber que a cidade, ainda no século XIX, prosperava com o plantio de café, não é mesmo? E apesar de ter uma fábrica, que se diz especializada em café, a cidade estranhava o estabelecimento que propunha produtos derivados da especiaria que a fez crescer. Como disse no primeiro texto, o Café deu certo sim, porém não houve mais como mantê-lo visto que as pessoas daqui não se adaptaram à ideia. E já percebi que têm outros tantos estabelecimentos fechando por aqui, repare!

Fico surpreso quando, apesar de criticar os membros da academia, você mesmo(a) os considera superiores. Você e outros tantos podem não aceitar a cultura que eles apresentam, mas o dinheiro que agora sustenta a cidade vocês querem. Certa vez, procurando uma casa para alugar, o proprietário teve o desplante de dizer que só alugava “para professores da UFRB”. Sem contar que o valor das coisas aqui subiu absurdamente. Na verdade ninguém mais fala em valores absolutos, tudo se resume ao salário mínimo. As novidades que a UFRB traz não servem, mas para bajular e extorquir que venham mais professores.

Você pode até dizer: se não está gostando vá embora! Confesso que isso está em meus planos, mas por força maior terei que agüentar um pouco mais. Concordo com você quando diz que “o Café não fará falta para a cidade”, assim como não faz falta pra mim, mas me pergunto: o que tem aqui para, eventualmente, fazer falta a alguém? Sinceramente, não tenho a intenção de ofender, mas sua concepção de cultura (“Nós temos o São João, os bares, as igrejas, o indispensável baba aos finais de semana”) é medíocre. Se você é feliz com apenas isso, viva! Mas, acredito que todo homem e mulher mereçam mais do que isso para se construírem como cidadãos pensantes e críticos, numa sociedade em que pessoas como você são e serão sempre pequenas peças manipuláveis.

Honestamente, já me questionei se as diversas manifestações que eram oferecidas pelo Café & Cultura, e também pela UFRB através da Casa do Duca, eram de interesse da comunidade amargosense. Ou se vocês já estavam satisfeitos com o que tinham. Dúvida que pretendo sanar em breve com uma matéria que estou preparando. Com isso, vou entrevistar os nativos e questioná-los sobre seus gostos e desgostos entre o que já lhes pertence e o que lhes são proporcionados por forasteiros. Espero que você possa fazer parte desse censo.

De todo modo, fico contente em perceber que o blog está sendo visto pela comunidade local, e melhor, a comunidade está interagindo de maneira como não havia visto antes. Mas imagino que a sua opinião não reflita a opinião da maioria, tanto no que concerne ao Café & Cultura quanto aos projetos de extensão da UFRB. Recebo com muito carinho seus parabéns por minha “iniciativa e coragem de propor algo à Amargosa”, e retribuo dizendo que apesar de toda a sua atrapalhada seu recado para os professores foi dado. Espero que eles, assim como você, visitem o blog para saber que eles não são tão bem aceitos por aqui. Obrigado por participar e continue nos acompanhando.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

LOUCURA OU REALIDADE?
Por Anderson Souza

Futucando antigos trabalhos meus da época de faculdade, encontrei um vídeo produzido para a disciplina Audiovisual III. Trata-se de uma matéria falando sobre o Elevador Lacerda, grande obra arquitetônica que faz a ligação entre a cidade baixa e a cidade alta de Salvador, sendo um dos pontos turísticos mais famosos da Bahia.

Recordo-me que éramos uma equipe cheia de vontade e buscávamos fazer o melhor, apesar de ainda inexperientes no assunto, pois iniciávamos aquela disciplina e tentávamos copiar o que víamos nos costumeiros telejornais. É possível perceber que a locução não é das melhores uma vez que, além da timidez, estávamos completamente nervosos. De qualquer modo, o empenho, o comprometimento e a organização eram de todos e, no fim das contas, o trabalho foi bem aceito e elogiado por outros colegas e professores.

Infelizmente, não constam aqui os nomes dos entrevistados, que só foram adicionados na última etapa da edição à qual não tive acesso. E por não ter mais contato com meus nobres colegas, não pude recuperar os devidos créditos. Portanto, o vídeo segue assim mesmo. Mas, acredito que isso não prejudica o resultado final (só espero que alguém não venha exigir direito de imagem e venha me processar!).

Com a prática dos anos seguintes, percebi que era necessário fazer algumas mudanças e acréscimos na edição do vídeo, então, assim o fiz. Além de colocar novas animações, reeditei o material para modernizar e dar mais vida a um trabalho que nossa equipe fez nascer. Confira...

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

SEMINÁRIO: A ERA DO PANÓPTICO
& A SOCIEDADE DE CONTROLE

Por Carlos Baqueiro



Introdução ao Panóptico:

No final do Séc. XVIII o filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham concebeu pela primeira vez a ideia do panóptico. Para isto Bentham estudou “racionalmente”, em suas próprias palavras, o sistema penitenciário. Criou então um projeto de prisão circular, onde um observador poderia ver todos os locais onde houvesse presos. Eis o panóptico.

Ele também observou que este mesmo projeto de prisão poderia ser utilizado em escolas e no trabalho, como meio de tornar mais eficiente o funcionamento daqueles locais.

Foi naquele período da história que, segundo o francês Michel Foucault, iniciou-se um processo de disseminação sistemática de dispositivos disciplinares, a exemplo do panóptico. Um conjunto de dispositivos que permitiria uma vigilância e um controle social cada vez mais eficientes, porém, não necessariamente com os mesmos objetivos “racionais” desejados por Bentham e muitos de seus antecessores e contemporâneos.

Dos anos 60, do Séc. XX, quando Foucault escreveu suas primeiras obras, até o início do Séc. XXI, novas tecnologias de comunicação e informação surgiram, permitindo novas formas de vigilância que por vezes se tornam tão dissimuladas que não são facilmente percebidas pelos indivíduos. Tornam-se também naturalizadas, não deixando claros todos os objetivos de quem se utiliza daquelas novas técnicas de vigilância.

Nestes novos tempos a vigilância também vem adquirir uma nova característica. A possibilidade de observação de todos sobre todos. Hoje é possível ao patrão ler mensagens de correio eletrônico de seu empregado, mas também existe a possibilidade de colegas lerem mensagens de colegas, maridos de esposas, pais de filhos, a partir de ferramentas gratuitas disponíveis na Internet, por exemplo.

Empresas conseguem, a partir de celulares, monitorar o local onde se encontram seus empregados. Governos e crackers podem, com o instrumental adequado, ter as informações bancárias de qualquer cidadão, a partir de banco de dados individuais (como aqueles referentes a antiga CPMF, por exemplo) e câmeras digitais vigiam cada metro quadrado de aeroportos. O panóptico se disseminou. E como afirmou enfaticamente em meados dos anos 90 outro filósofo francês, Gilles Deleuze, isso gerou a criação de uma Sociedade de Controle.


PROGRAMAÇÃO:
Dia: 14 e 15 de Outubro de 2011
Local: Auditório do PPGEduC UNEB, Cabula - Salvador / Bahia

Dia 14 (Sexta-Feira).
14h - Abertura - Eduardo Nunes (PPGEduC).
14h30 - André Lemos - Mídia Locativa e Vigilância. Sujeito Inseguro, Bolhas Digitais, Paredes Virtuais e Territórios Informacionais.
15h30 - Ana Godoy e Nildo Avelino - Educação, Meio Ambiente e Cultura: Alquimias do Conhecimento na Sociedade de Controle.
16h30 - Debate.
17h - Lançamento da 2ª Edição do Livro “Do Governo dos Vivos” de Michel Foucault, Organizado por Nildo Avelino.

Dia 15 (Sábado).
09h - Abertura.
09h30 - Carlos Baqueiro - O Blog A Era do Panóptico: Pesquisa e Resistência à Sociedade de Controle.
10h30 - Ricardo Liper - A Sociedade Orwelliana em 1984.
11h30 - Debate.
12h - Encerramento do Seminário.

Promoção: Blog A Era do Panóptico - http://aeradopanoptico2011.wordpress.com/

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

DOIDA? EU?
Por Priscila Leal



Estive presente na Assembléia Geral dos Estudantes no Centro de Formação de Professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e por conta do último contato que tive com o movimento, onde apresentei algumas críticas à categoria discente, na qual estou inserida, compareci de rosto pintado, representado a mordaça que as vaias dos meus colegas significaram para mim e em posse de um cartaz com a seguinte pergunta: “Os fins justificam os meios?”.

Desde o princípio venho me posicionando diante das ações radicais da minha categoria. Não por desejar que essas mobilizações parem, mas com o intuito de provocar reflexão sobre os meios adotados para chamar atenção.

Ainda continuo sem compreender por que se inverteu a lógica das negociações e se começou pela paralisação/greve. Continuo aguardando a formalização das reivindicações para estabelecimento do diálogo com as demais categorias da instituição, o que caracterizaria maior respeito aos demais. Não é pelo fato de ter havido desrespeitos a nossa categoria, em outros momentos e movimentos, que vamos começar desconsiderando esse indispensável direito.

Ontem a assembléia pretendia unificar as pautas dos cursos organizados no CFP, até o momento que permaneci (21h30min), ainda não havia terminado a leitura de todas as pautas. Fiquei ali, com o rosto pintado, me perguntando, se nossa pauta ainda não estava pronta como podemos argumentar que não estamos sendo atendidos? Se ainda nem dialogamos por que já estamos nas ações radicais, que normalmente são tomadas ao final de negociações? Então o grito pela educação de qualidade pode se da por qualquer via? De qualquer forma? Qual melhor formato para as negociações em nossa situação? Parece que algumas pessoas estão apontando para o diálogo, mas ainda não vi minha categoria apresentar interesse em ouvir. A final, como se dão as batalhas na era da informação? Com a força dos braços ou com a veracidade dos discursos?

Gostaria que meus colegas lembrassem que não estamos em uma guerrilha, nem tão pouco retrocedemos a ditadura. Por isso vale refletir sobre as críticas e sobre as preciosas dicas que estão apontando para outros direcionamentos dentro do movimento. Para que não se apresentem apenas ações radicais e totalitárias. Essas críticas e dicas podem contribuir para o amadurecimento do movimento estudantil na UFRB, que me parece ser o desejo de muitos que gostaria de assumir uma posição mais formal com o movimento estudantil, até presencial, mas fica impossibilitado por causa de certas posturas tomadas pelo comando de paralisação.

Enquanto não perceber em minha categoria o respeito aos colegas que desejam suas aulas e não encontrar um documento oficial que justifique todas as ações feitas até aqui, vou permanecer fazendo minhas críticas e aguardando confiante que, embora não pareça, esse tal comando de paralisação, saiba mesmo o que está fazendo.

Manifesto publicamente, mais uma vez, minha preocupação com os rumos dessa paralisação/greve, quanto ao andamento do semestre e das muitas atividades comprometidas nesse momento pela paralisação. Espero que os resultados justifiquem os caminhos tomados pelo movimento estudantil da UFRB.

Reafirmo não estar contrária ao movimento. Embora não tenha votado pelo “Paralisar para mobilizar”, proposto na Assembléia Geral em Cruz das Almas não desejo a minha categoria nenhum fracasso.

domingo, 4 de setembro de 2011

QUEM TEM DIREITO?
Por Anderson Souza



Na última sexta-feira (02/09/2011) recebi uma ligação informando que alunos em manifestação bloqueavam os portões do prédio administrativo do CFP/UFRB com pedras, correntes e cadeado, impedindo a saída de professores, técnicos e demais pessoas que lá se encontravam. Já passava das 22h e confesso que não estava muito disposto a registrar o acontecimento, mas meu lado profissional falou mais alto e então fui ver o que realmente acontecia.

Chegando lá percebi que o clima estava tenso. Alguns se recusavam a negociar, simplesmente, enquanto minha câmera estivesse ligada e registrasse o que faziam. Outros, mesmo contra a atitude da maioria, não puderam se manifestar para o fim do impasse por medo de retaliações da categoria estudantil. “Eu não vou poder fazer mais nada. Como é que eu vou poder ir de encontro ao tanto de gente que estava aqui nesse instante? Eu vou ser triturada, né?”, temia uma aluna que ainda se justificava: “não somos nós... Tem uma galera que é mais sensata tentando sentar e dialogar... Mas a gente não pode responder por todos”.

Houve ainda quem manifestasse seu direito de imagem: “Ohh, ohh a questão do direito de imagem aí...?”, o que, cá pra nós, me fez rir por tamanha ingenuidade e cara de pau. E logo um dos aglomeradores partiu para cima de mim tentando impedir que eu filmasse, exigindo que a câmera fosse desligada. Opa, quem é mesmo que quer falar de direito? Imaginei: se toda denúncia (registrada com imagens) só pudesse vir a público se os envolvidos dessem permissão de transmiti-la, será que de fato existiria alguma denúncia contra alguém? Sem contar que tudo ocorreu em local público. Não invadi a privacidade de qualquer um. Agora, se não pode assumir seus próprios atos é melhor ir procurar estudar e fazer valer seu papel de estudante.

Por fim, resolveram abrir os portões, e dessa vez alegando ter havido um engano, pois segundo uma das manifestantes toda aquela ação era direcionada a uma determinada diretora que eles acreditavam estar no prédio. E assim, depois de tanto bate-boca, negociações, intransigências e medo, tudo foi resolvido (pelo menos naquele instante) e todos seguiram seus rumos e a noite terminou com um final feliz.

Para aqueles que pensam em me processar, sugiro que se informem melhor antes de fazer qualquer ação ou declaração, pois o que vejo é que muitos estudantes ditos manifestantes não têm o menor embasamento sobre a maioria das coisas em que se envolvem (raras exceções). Percebi isso na mobilização e percebo isso agora. Outra coisa é que, se o ato cometido na sexta-feira por esses alunos é legal, do que eles têm medo? Ainda estou pensando na divulgação do conteúdo em vídeo, até porque não tive tempo de rever completamente o que gravei e se dará para argumentar de maneira correta o que de fato aconteceu através das imagens. Mas, se eu publicar e alguém desejar me processar, que faça, mas sabendo o que está fazendo. Direito de imagem... Palavras bonitas tiradas de cenas de novelas não fazem efeito na vida real.

*Apesar de não citar nomes aqui, tenho os depoimentos e imagens de alguns dos envolvidos, gravados como provas do que publico agora.