segunda-feira, 19 de abril de 2021

SE7H EM "MARG HOUSE"

  

Por Anderson L. Souza

Em 2018, quando trabalhava como Coordenador Cultural, no projeto Escolas Culturais do Governo do Estado, tinha, entre outras funções, estimular toda comunidade amargosense, em especial jovens e estudantes, a desenvolverem produções artísticas,  promovendo eventos e oferecendo condições de apresentarem seus trabalhos e contemplarem diversas outras manifestações culturais.

Desse modo, usei o Colégio Estadual Pedro Calmon como ponto de apoio. Lá pude conhecer diversos alunos que já se relacionavam com linguagens como o teatro, a dança, a fotografia e principalmente a música. Assim conheci Gabriel, que usava Se7h MC como nome artístico. Em um dos eventos que promovi ele estava na programação para apresentar seu repertório musical, mas acabou adoecendo e não pôde participar da atividade, infelizmente.

O tempo passou e hoje tenho a alegria de saber que Se7h acaba de lançar um EP, através da lei de incentivo artístico cultural Aldir Blanc. Intitulado “Marg House”, o material traz seis faixas, e conta com diversas participações. Seguindo a linha do trap, com sotaque amargosense, Se7h apresenta um trabalho bem elaborado, fruto de muito estudo e prática. Com a experiência musical derivada da cultura hip-hop, além de se manter diante dos microfones, Se7h é responsável pela conhecida Batalha da Pista, evento que abre espaço para que outros jovens possam se expressar através de ritmos e poesias.

Em uma breve entrevista que fiz recentemente com ele, temos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o MC e, principalmente, detalhes do seu recém lançado “Marg House”. Confiram...

 

Você é um dos criadores do movimento “Batalha da Pista”. Como foi todo o processo de criação até a realização do evento?

Se7h – A gente já acompanhava há um tempinho, né?! Haviam batalhas grandes em Brasília, BH, RJ, SP e a gente queria trazer algo desse tipo pro nosso próprio entretenimento, já que a gente curte muito rap. Aí acabou se tornando algo maior, de forma natural. A gente levava uma caixinha bluetooth, o celular com os beats e organizava as batalhas bate volta, de forma eliminatória, até ter um vencedor. Já fizemos alguns eventos com premiações e patrocínios. Além do Festival Hip-Hop, com apoio da Prefeitura de Amargosa.

Amargosa é popularmente conhecida pela cultura do São João. Qual a sua visão sobre a cultura Hip-Hop na cidade?

Se7h – Já existiam adeptos e praticantes da cultura Hip-hop em Amargosa, porém nunca haviam feito um projeto que houvesse tanto êxito como a Batalha da Pista. E acho que a criação da batalha foi o estopim para o crescimento da cultura hoje em Amargosa. Hoje, nós já temos mais de dois estúdios na cidade, voltados especificamente pro Rap, o que antes da batalha não existia. Com um engajamento cada vez maior, eu penso que daqui a algum tempo a cultura Hip-hop pode ser rentável e sustentável para seus praticantes, assim como a cultura junina.

Você tem algumas músicas disponíveis na internet e acaba de lançar o EP “Marg House”. Sobre quais assuntos você versa em seus trabalhos e qual o mote desse novo material?

Se7h – Nesse projeto eu consigo versar sobre várias coisas, desde o sentimentalismo familiar em “Nuvens”, até os pensamentos mais construídos e uma ideologia versada mais densa como em “Anjos” e “Herói sem Capa”, uma estética mais relacionada ao Trap que fala sobre bens materiais e dinheiro, em “Flow James Harden” e “S.P.R”. E por fim uma estética do pagodão baiano no rap, feita na última faixa “Modo La Fúria III”. Então, eu creio que além do experimentalismo o mote desse material me remete a uma raiz construída, desde a criação da Batalha da Pista, e uma vivência construída dentro do RAP, com todos aqueles que fizeram parte desse EP.

O título do EP parece fazer referência a Amargosa como sua casa. Poderia falar um pouco sobre o conceito musical e da arte gráfica?

Se7h – Sim, o título faz referência à cidade, “Marg” é um acrônimo que remete ao nome da Cidade Jardim, e “Marg House” foi como ficou conhecida minha casa depois de vários rolês no fim de 2017, e no ano de 2018, onde eu me reunia com uma galera pra fazer freestyle e escrever mais algumas coisas. Então, como eu falei anteriormente, o conceito principal que eu gostaria de trazer nesse EP é a volta dessas origens. Já a arte gráfica feita por @jhoworiginal é uma releitura de uma arte previamente feita por meu mano @nasnobeat, de forma central traz a intitulada Marg House e ao seu redor eu quis fazer menções a algumas faixas do EP, como “Anjos e Nuvens”.

Ritmo e Poesia constituem o Rap. Quais são suas principais influências em cada uma das partes?

Se7h – As minhas maiores influências, assim como para 95% dos envolvidos no RAP, sempre vão ser Racionais e Sabotage, mas eu tive um processo de evolução artístico e lírico muito grande, na época que eu ouvia NSC, hoje em dia, liricamente e esteticamente falando, minhas referências são respectivamente Djonga, de Belo Horizonte e BC Raff, de Guarulhos.

Qual seu objetivo como artista no mundo da música e, particularmente, na cultura hip-hop?

Se7h – Sempre costumo dizer que não sou rapper, e sim um músico disposto a participar de todo tipo de arte que venha a me agradar. Como artista eu espero sempre me reinventar para manter minha arte algo novo e moderno e não como algo retrógrado, e particularmente no hip-hop eu pretendo fazer história de uma forma grandiosa e positiva com algo que me faça ser lembrado por todos amantes da cultura.