quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

UM DIA...
Por Led Beslard.



Definitivamente, na vida não há sentido a não ser de que caminhamos para a morte. Tenho a impressão de que alguém já disse isso ou, pelo menos, pensou a respeito. Mas, honestamente não tenho a menor ideia de quem seria tal afirmação. Também, isso agora pouco importa, já que o fato é que nascemos para morrer.

A propósito, a morte é um assunto que apavora a maioria de nós, reles mortais. Mas, não há como escapar de sua verdadeira ação. Sei que é lugar comum, mas a morte é a única certeza que temos na vida. Então, porque temê-la?

Tenho pensado com mais freqüência sobre o fato de que vou morrer, e não só eu como pessoas queridas próximas a mim. Não exatamente como, onde ou quando, apenas no fim da vida de alguns de nós. Pra ser mais direto, imagino possíveis cenas de um funeral. Com isso, sou levado a uma grande sensação de tristeza que se encerra em algumas singelas lágrimas.

Perda. É a palavra que facilmente associo à morte. Pode ser que isso seja fruto de puro egoísmo, mas acredito que é um sentimento comum a todos. Não gosto de pensar que a qualquer momento ou circunstância posso deixar de ter ao meu convívio seres que plenamente amo em função da enigmática morte. Mesmo assim, sei que nada depende de mim e que o inevitável pode inesperadamente acontecer.

Da mesma maneira, acredito que minha ausência eterna seria um enorme desconforto para quem me estima. E isso também me causa angústia. Tenho consciência de que há casos em que a morte possa representar, pontualmente, a paz, tanto para quem parte quanto para quem fica. Mas, ainda assim, não há quem se sinta completamente resoluto com a falência de um ente querido.

Portanto, viver significativamente o momento, tornar pleno cada instante neste mundo, amar, cuidar e aproveitar da melhor maneira possível nossa existência e a de quem nos completa, não evitará que algum dia não estejamos mais entre os vivos, mas deixará saudáveis lembranças a quem durar momentaneamente ao longo do tempo.

Um comentário:

Gilfranco Lucena dos Santos disse...

Anderson,
Certa vez escrevi uma quadra à morte: uma ode que se intitula:

À Morte ou À Velha da Foice do Nada!

Ó Morte, em dura sorte nos confirmas
na vida, que por ti vem e nos conforta;
Às portas de uma noite escura e fria
de um dia, que ao surgir pra ti se volta.

Será que a Velha da Foice gostou do meu versinho!!! Não é mesmo uma Ode à Morte?