Por Led Beslard.
É carnaval! A cidade está em festa e milhões de pessoas estão nas ruas pulando ao som dos trios elétricos. Muito axé, sexo, drogas, brigas, roubos e, é claro, muita alegria. Mas, fora do tradicional circuito carnavalesco (Campo-Grande, Castro Alves, Barra/Ondina) podemos encontrar eventos alternativos, é o caso do Palco do Rock (PDR). Em sua 15ª edição, o festival que também já utilizou um trio como palco para apresentações de bandas locais e não locais, reúne um enorme público durante as 4 noites que se sucedem.
Com exceção do som, o interesse de muitos que vão ao PDR é o mesmo daqueles que estão na avenida, isso não podemos negar. Mas, também não podemos negar que os índices de delitos cometidos são, proporcionalmente, menores. Acreditem, já presenciei uma briga entre bandas em cima do palco do evento. E isto gerou uma confusão generalizada, comprometendo a realização do evento no ano seguinte (2002).
Mas tudo isso faz parte do carnaval. As pessoas querem extravasar, botar para fora ou para dentro algo que às façam se sentir mais leves, com a sensação de que estão livres das tensões e problemas que as seguem durante o resto do ano.
A Associação Cultural Clube do Rock da Bahia (ACCRBA), fundada em 1991 por Humberto “Tedão”, e hoje presidida por Sandra de Cássia e Gabriel Amorim, é a responsável pela realização do PDR em Salvador. Elogiado por muitos e criticado por outros tantos, o festival vem ampliando sua infra-estrutura e adquirindo bons recursos para a permanência do evento a cada ano.
As críticas vêm, em grande parte, do público alheio a qualquer problema de ordem financeira ou sistêmica. Querem que o festival aconteça, que seja de graça, que as bandas que eles curtem toquem, que a qualidade do som esteja boa, ou seja, que tudo esteja impecável. Mas nada fazem de maneira direta e colaborativa para que isso ocorra. A outra parte vem de algumas bandas que, mesmo tendo razão em reivindicar seus direitos com relação ao cachê, fazem manifestações a favor de que banda alguma toque caso não haja o pagamento; porém, são as primeiras a se inscreverem para a seleção, mesmo com a incerteza de serem recompensados.
Fiquei feliz em saber que dessa vez, depois de 11 anos, as bandas terão direito a receber o tão sonhado cachê (grana que não corresponde à terça parte do que ganham os artistas dos trios). Mas a simbólica gratificação já é indagada. Numa conversa entre amigos foi levantado o questionamento de se o valor do cachê será igual para todos ou terá algum critério para diferenciações de valores. Polêmicas a parte, os únicos que podem responder a essa e outras perguntas são os organizadores do evento, não eu!
Infelizmente, por problemas pessoais, não pude ir aos shows este ano, mas tenho boas lembranças dos anos em que estive presente, por vezes assistindo e outras tocando. Hoje, escrevendo, me dei conta de que sempre que estava numa banda participava do Palco do Rock. Foi assim com a Êxtase, Aluga-se, Nebória, Harzoth. E por pouco não tocava em outras este ano (espero que esse comentário não me deixe de fora quando for concorrer no futuro com alguma outra banda). Brincadeiras a parte, acredito na idoneidade da produção do evento, apesar de ouvir muitos comentários contrários.
Em 2000, o último sob a direção de Tedão, o festival foi marcado por controvérsias e especulações. O zine ContrAtaque fez uma cobertura da festa rocker carnavalesca daquele ano, e você pode conferir agora na íntegra.
“Como um velho costume baiano, o atraso não podia faltar. A começar pela montagem do palco, que no horário previsto para o início do som ainda estava por ser terminado, o que, consequentemente, atrasou o início das apresentações. As péssimas instalações do palco, segundo o presidente do Clube do Rock, Humberto ‘Tedão’, deveram-se à falta de apoio por parte da Prefeitura de Salvador, o que mais tarde causaria uma certa divergência.
E os desacertos não param por aí. Como sempre, algumas bandas privilegiadas enquanto outras sendo boicotadas no tempo e na qualidade do som. Um dos destaques da primeira noite ficou para a estreante Sistemaphobia (Cajazeiras), que com um som contagiante, com letras politizadas e verdadeiras, conseguiu prender a atenção do público presente. Inovando com uma atração internacional, o PDR contou com a presença do bluesman Lon Bové (L.A. – EUA) surpreendendo as expectativas, pelo fato de o público não se entender muito bem com o estilo de som apresentando pelo norte-americano.
O segundo dia foi da Aluga-se, com a presença do público fiel que curtiu não só as músicas de Raul, como também as de autoria da própria banda. Esta levou vários convidados especiais ao palco, entre eles, Sandra (Ulo Selvagem), Led (Êxtase) e o filho de Deja, Léo, de apenas sete anos, tocando bateria, já seguindo os passos do pai na música. Vinda de Portugal, a Imortalis mostrou um bom trabalho, ainda que sofrendo com os equipamentos de palco.
E, acredite se quiser, a segunda-feira foi trash. Brigas, declarações e acusações rechearam uma noite de pura baixaria. Iniciadas com manifestações nervosas do apresentador Tedão, que a todo instante criticava as bandas, chamadas por ele de ‘a galera de covardes’, por não aceitarem tocar sem cachê, não obstante, incentivando a multidão a votar nulo em qualquer vereador, que segundo ele não contribuíram em nada para a realização do evento. Declarações que não agradaram ao vereador presente Emerson José. Este defendeu-se contra-atacando as palavras de Tedão. O primeiro alegou que Tedão recebeu uma verba de R$ 2.000 da prefeitura. E a pergunta que pairava entre o público atônito era: ‘Tedão, cadê, os dois mil?’ A salvação da noite foi a banda mineira Concreto, detonando clássicos do rock n’ roll até às seis da manhã.
O último dia do festival foi monótono, público reduzido, bandas que não compareceram e uma jam session que não existiu, substituída por um discurso cansativo de Tildo Gama sobre Raul Seixas, é claro. E pela manhã, quarta-feira de cinzas, os resistentes acampados nas redondezas do palco desarmaram suas barracas e seguiram seus caminhos com uma dúvida em comum: ‘será que no ano que vem tem mais?’ É esperar para ver.”
Com exceção do som, o interesse de muitos que vão ao PDR é o mesmo daqueles que estão na avenida, isso não podemos negar. Mas, também não podemos negar que os índices de delitos cometidos são, proporcionalmente, menores. Acreditem, já presenciei uma briga entre bandas em cima do palco do evento. E isto gerou uma confusão generalizada, comprometendo a realização do evento no ano seguinte (2002).
Mas tudo isso faz parte do carnaval. As pessoas querem extravasar, botar para fora ou para dentro algo que às façam se sentir mais leves, com a sensação de que estão livres das tensões e problemas que as seguem durante o resto do ano.
A Associação Cultural Clube do Rock da Bahia (ACCRBA), fundada em 1991 por Humberto “Tedão”, e hoje presidida por Sandra de Cássia e Gabriel Amorim, é a responsável pela realização do PDR em Salvador. Elogiado por muitos e criticado por outros tantos, o festival vem ampliando sua infra-estrutura e adquirindo bons recursos para a permanência do evento a cada ano.
As críticas vêm, em grande parte, do público alheio a qualquer problema de ordem financeira ou sistêmica. Querem que o festival aconteça, que seja de graça, que as bandas que eles curtem toquem, que a qualidade do som esteja boa, ou seja, que tudo esteja impecável. Mas nada fazem de maneira direta e colaborativa para que isso ocorra. A outra parte vem de algumas bandas que, mesmo tendo razão em reivindicar seus direitos com relação ao cachê, fazem manifestações a favor de que banda alguma toque caso não haja o pagamento; porém, são as primeiras a se inscreverem para a seleção, mesmo com a incerteza de serem recompensados.
Fiquei feliz em saber que dessa vez, depois de 11 anos, as bandas terão direito a receber o tão sonhado cachê (grana que não corresponde à terça parte do que ganham os artistas dos trios). Mas a simbólica gratificação já é indagada. Numa conversa entre amigos foi levantado o questionamento de se o valor do cachê será igual para todos ou terá algum critério para diferenciações de valores. Polêmicas a parte, os únicos que podem responder a essa e outras perguntas são os organizadores do evento, não eu!
Infelizmente, por problemas pessoais, não pude ir aos shows este ano, mas tenho boas lembranças dos anos em que estive presente, por vezes assistindo e outras tocando. Hoje, escrevendo, me dei conta de que sempre que estava numa banda participava do Palco do Rock. Foi assim com a Êxtase, Aluga-se, Nebória, Harzoth. E por pouco não tocava em outras este ano (espero que esse comentário não me deixe de fora quando for concorrer no futuro com alguma outra banda). Brincadeiras a parte, acredito na idoneidade da produção do evento, apesar de ouvir muitos comentários contrários.
Em 2000, o último sob a direção de Tedão, o festival foi marcado por controvérsias e especulações. O zine ContrAtaque fez uma cobertura da festa rocker carnavalesca daquele ano, e você pode conferir agora na íntegra.
“Como um velho costume baiano, o atraso não podia faltar. A começar pela montagem do palco, que no horário previsto para o início do som ainda estava por ser terminado, o que, consequentemente, atrasou o início das apresentações. As péssimas instalações do palco, segundo o presidente do Clube do Rock, Humberto ‘Tedão’, deveram-se à falta de apoio por parte da Prefeitura de Salvador, o que mais tarde causaria uma certa divergência.
E os desacertos não param por aí. Como sempre, algumas bandas privilegiadas enquanto outras sendo boicotadas no tempo e na qualidade do som. Um dos destaques da primeira noite ficou para a estreante Sistemaphobia (Cajazeiras), que com um som contagiante, com letras politizadas e verdadeiras, conseguiu prender a atenção do público presente. Inovando com uma atração internacional, o PDR contou com a presença do bluesman Lon Bové (L.A. – EUA) surpreendendo as expectativas, pelo fato de o público não se entender muito bem com o estilo de som apresentando pelo norte-americano.
O segundo dia foi da Aluga-se, com a presença do público fiel que curtiu não só as músicas de Raul, como também as de autoria da própria banda. Esta levou vários convidados especiais ao palco, entre eles, Sandra (Ulo Selvagem), Led (Êxtase) e o filho de Deja, Léo, de apenas sete anos, tocando bateria, já seguindo os passos do pai na música. Vinda de Portugal, a Imortalis mostrou um bom trabalho, ainda que sofrendo com os equipamentos de palco.
E, acredite se quiser, a segunda-feira foi trash. Brigas, declarações e acusações rechearam uma noite de pura baixaria. Iniciadas com manifestações nervosas do apresentador Tedão, que a todo instante criticava as bandas, chamadas por ele de ‘a galera de covardes’, por não aceitarem tocar sem cachê, não obstante, incentivando a multidão a votar nulo em qualquer vereador, que segundo ele não contribuíram em nada para a realização do evento. Declarações que não agradaram ao vereador presente Emerson José. Este defendeu-se contra-atacando as palavras de Tedão. O primeiro alegou que Tedão recebeu uma verba de R$ 2.000 da prefeitura. E a pergunta que pairava entre o público atônito era: ‘Tedão, cadê, os dois mil?’ A salvação da noite foi a banda mineira Concreto, detonando clássicos do rock n’ roll até às seis da manhã.
O último dia do festival foi monótono, público reduzido, bandas que não compareceram e uma jam session que não existiu, substituída por um discurso cansativo de Tildo Gama sobre Raul Seixas, é claro. E pela manhã, quarta-feira de cinzas, os resistentes acampados nas redondezas do palco desarmaram suas barracas e seguiram seus caminhos com uma dúvida em comum: ‘será que no ano que vem tem mais?’ É esperar para ver.”
Um comentário:
Bem, eu sou um crítico ferrenho do festival, por diversos motivos, contudo esse ano percebi que diferente do ano que teve um trio, que por sinal foi rídiculo tinha um palco digno, um som bom e a grade...bem, não gostei...mais isso eu já esperva, ao menos tiveram 03 bandas que me agradaram, e infelizmente das bandas que não conhecia apenas uma de metal, que não era daqui. Fiquei triste com isso, pois em anos anteriores, ao menos as bandas de metal soteropolitanas se salvavam.
Mas isso é uma questão de gosto ou mal gosto mesmo...vi uma pá de gente que tava curtindo a vibe lá, e ainda é mais seguro do que ir pra avenida rs.
Postar um comentário