O SHOW – PEARL JAM
RJ / BR (06/11/2011)Por Led Beslard

Em 1991, recordo-me de ouvir o Pearl Jam pela primeira vez no rádio. A música era "Even Flow", que compunha o clássico álbum de estréia "Ten". Naquele momento eu fiquei a pensar: que porra é essa! Na verdade, depois de ouvi-lo por inteiro percebi que a porra era bem maior. As onze faixas do disco dos dissidentes de Seattle são fantásticas, apesar de ter aquelas mais cobradas pelos fervorosos fãs nos shows, como "Once", "Alive", "Black", "Jeremy", "Oceans" e "Why Go" (minha mulher prefere "Porch"). O mesmo aconteceu com o segundo, "Vs. (Five Against One)", quando meu vizinho comprou o disco e eu o pegava emprestado direto
Depois disso fui acompanhando a banda com um pouco mais de distância, mas sem nunca abandoná-la. Sempre ficava sabendo o que acontecia com eles e o que estavam produzindo. Como minha esposa também gosta do Pearl Jam (é a banda da vida dela, e sem dúvida alguma posso dizer que da minha também) sempre que via um cd que ainda não tínhamos comprava e a presenteava para curtirmos juntos. Outra coisa que posso falar com exatidão é que assim como um vinho bem cuidado, os caras tornam-se melhores com o passar dos anos.

Quando os rumores sobre a vinda do Pearl Jam começaram a surgir, eu e minha esposa ficamos em alerta total. Confirmada a turnê comemorativa dos vinte anos de atividade da banda aqui em terras brasilis, aproveitamos para comprar nossos ingressos para o show do Rio de Janeiro (na pista 1, é claro) logo no primeiro lote, disponíveis apenas para clientes restritos, garantindo assim nossa participação no que consideramos ser o evento do ano. Mesmo com a intenção de irmos a todos os shows aqui no Brasil, estendendo até a Argentina (fomos impedidos em função de compromissos profissionais), escolhemos e decidimos ir apenas à cidade maravilhosa para celebramos a banda em grande estilo. Até aqui o que posso dizer, além da grande euforia que nos assola, é que "o Rio de Janeiro continua lindo...".

A banda californiana X abriu a noite de festa. Pela primeira vez no Brasil e completando 35 anos de existência, mandaram muito bem. Gostaria que meus pais, alguns amigos e uma porrada de jovens tivessem o pique e a alegria que os “velhotes” desfilavam no palco. Confesso que não conhecia a banda, mas já estou buscando os discos deles, ao vivo é demais. Sinceramente, não sei como muitas pessoas se prendem de tal maneira à idade a ponto de achar que não estar mais na casa dos vinte anos seja empecilho para alguém deixar de ser ou fazer o que bem entender da vida. Estamos bem com nosso modo de ser e dispostos a curtir a vida o máximo que pudermos, pois nosso espírito é jovem e no que dele depender nunca envelheceremos.

Em 2005, quando o Pearl Jam veio ao Brasil pela primeira vez, não tivemos condições de acompanhá-los ao vivo, mas assistimos o show pela tv. Então, prometemos que em sua próxima vinda ao país estaríamos lá. Bom, aqui estamos, Praça da Apoteose lotada, ingressos esgotados, mas a animação da galera é bastante saudável. Ficamos amigos de bastante gente enquanto estávamos ainda na fila de entrada e também quando já estávamos apostos na grade que nos separava do palco. Inclusive, algumas fotos que estão aqui foram gentilmente cedidas pelo fã carioca Renato “Jeremy”. Mas tinha gente de todo canto, até mesmo gringos.

Finalmente, chega o grande momento esperado, o Pearl Jam está no palco. Em meio a gritos histéricos os primeiros acordes de Unthought Known surgem. A voz de Eddie Vedder já emociona de cara à medida que os outros instrumentos o acompanham fazendo a canção crescer e levar milhares de pessoas às lágrimas. Dali em diante o sonho já se tornara realidade. Pulamos e cantamos todas as músicas juntos com a banda. A perfeição com que executavam cada música era notável. Evidentemente, muitas músicas que gostaríamos de vê-los tocando lá ficaram de fora. Mas não podemos reclamar, pois Ed tentava agradar a todo o momento, inclusive mudando o repertório em pleno palco. Além do que, seria preciso executar todos os discos na íntegra para suprir nossas necessidades musicais.

Não há como descrever o show por inteiro, não há como descrever em palavras o que realmente sentimos estando lá. Talvez, os momentos mais intensos tenham sido o início – quando pudemos ver que eles estavam ali de verdade – e o final – quando nos demos conta da incrível experiência que havíamos vivido. Uma coisa que me deixa bastante feliz e impressionado é o fato de nós conhecermos e gostarmos da banda e de cada integrante em particular por tanto tempo, mas somente agora, vinte anos depois, poder tê-los bem diante dos olhos em carne, osso, alma e música com a mesma vivacidade do passado.

Mesmo não sendo uma banda tipicamente comercial, os caras não são ingênuos, pelo contrário, são pessoas maduras e experientes e, além de serem naturalmente simpáticos e carismáticos dentro e fora dos palcos, sabem muito bem como cativar e conduzir seu público por longos anos. Lembrando da cara deles no palco, visivelmente emocionados com o número de pessoas que lá estavam para vê-los, gostaria de saber o que possivelmente passava por suas cabeças. O Pearl Jam é a banda mais significativa da cena de Seattle, superou tudo e todos da sua época e ainda permanecem ativos com a relevância merecida. Suas músicas e letras, sejam elas rápidas ou lentas, tocam e cativam com tamanho impacto e honestidade que sujeito-me a dizer que quem não gosta do Pearl Jam “ou é ruim da cabeça ou doente” dos ouvidos.

Apesar de todo contentamento, passado o show ficamos arrependidos de não ter mandado nossos compromissos à merda e seguido nossos planos com relação à banda como previsto anteriormente. Mas, não tem problema, já estamos nos organizando para a próxima vinda do Pearl Jam ao Brasil, quando pretendemos ir a todos os shows. Se não suportarmos a espera vamos assistí-los em qualquer outro país.

Obrigado Eddie Vedder, Mike McCready, Stone Gossard, Jeff Ament, Matt Cameron e Boom Gaspar, pelos anos de alegrias com suas músicas celestiais, pelo grande show que nos proporcionaram no Rio e por serem exatamente como pensamos que fossem, brilhantes. Remontei o repertório apresentado na Praça da Apoteose, no dia 06/11/2011, e agora vou plugar minha guitarra para acompanhar o som da banda e me recordar do dia mais emocionante que vivi com minha querida. Porra, outras lágrima cairam...