quarta-feira, 14 de setembro de 2011

RETIFICANDO ALGUMAS IDEIAS ANÔNIMAS
Por Anderson Souza



Não costumo responder aos comentários que são feitos no blog, pois não quero dar a impressão de bate boca. Quando publico algo, é exatamente o que eu queria dizer e o espaço para comentários é exclusivo de quem lê e deseja tecer suas opiniões, sejam elas contra ou a favor das minhas. Porém, desta vez sou obrigado a esclarecer pontos deveras equivocados sobre o Café & Cultura, sobre este blog e, consequentemente, sobre mim, de alguém que (com todo o direito) não quis se identificar.

O fatídico comentário anônimo está ligado ao texto “Outro Novo Ciclo...”, postado aqui, no dia 4 de agosto de 2011 (quarta-feira); comentário este no qual, sem contar os erros gramaticais (de certo modo irrelevantes, diante do contexto real), o que de fato me incomodou foi a total falta de informação e a fragilidade dos argumentos da pessoa ofendida. Então, vamos lá!

Você que não me conhece (por sorte nem teve interesse), mas tinha a obrigação de procurar saber quem sou para falar o que falou. Assim, descobriria que não sou professor, não sou aluno e nem faço parte de qualquer área do CFP / UFRB. O Café & Cultura nunca foi projeto dos professores de tal instituição, e este Ambiente Coletivo (como o próprio nome diz) pode ser utilizado por qualquer um que deseje escrever ou produzir conteúdo substancial, porém a coordenação é toda minha. Ou seja, a UFRB está na sua cabeça, assim como se tornou o centro de tudo que acontece ou deixa de acontecer em Amargosa, para você e seus conterrâneos.

Desculpe, não quero parecer arrogante, mas você sabe o que é um Café? O Café & Cultura era um espaço comercial, com estética e atividades artísticas e culturais, que levava em consideração a própria história da cidade. Sendo “filha de Amargosa”, você deve saber que a cidade, ainda no século XIX, prosperava com o plantio de café, não é mesmo? E apesar de ter uma fábrica, que se diz especializada em café, a cidade estranhava o estabelecimento que propunha produtos derivados da especiaria que a fez crescer. Como disse no primeiro texto, o Café deu certo sim, porém não houve mais como mantê-lo visto que as pessoas daqui não se adaptaram à ideia. E já percebi que têm outros tantos estabelecimentos fechando por aqui, repare!

Fico surpreso quando, apesar de criticar os membros da academia, você mesmo(a) os considera superiores. Você e outros tantos podem não aceitar a cultura que eles apresentam, mas o dinheiro que agora sustenta a cidade vocês querem. Certa vez, procurando uma casa para alugar, o proprietário teve o desplante de dizer que só alugava “para professores da UFRB”. Sem contar que o valor das coisas aqui subiu absurdamente. Na verdade ninguém mais fala em valores absolutos, tudo se resume ao salário mínimo. As novidades que a UFRB traz não servem, mas para bajular e extorquir que venham mais professores.

Você pode até dizer: se não está gostando vá embora! Confesso que isso está em meus planos, mas por força maior terei que agüentar um pouco mais. Concordo com você quando diz que “o Café não fará falta para a cidade”, assim como não faz falta pra mim, mas me pergunto: o que tem aqui para, eventualmente, fazer falta a alguém? Sinceramente, não tenho a intenção de ofender, mas sua concepção de cultura (“Nós temos o São João, os bares, as igrejas, o indispensável baba aos finais de semana”) é medíocre. Se você é feliz com apenas isso, viva! Mas, acredito que todo homem e mulher mereçam mais do que isso para se construírem como cidadãos pensantes e críticos, numa sociedade em que pessoas como você são e serão sempre pequenas peças manipuláveis.

Honestamente, já me questionei se as diversas manifestações que eram oferecidas pelo Café & Cultura, e também pela UFRB através da Casa do Duca, eram de interesse da comunidade amargosense. Ou se vocês já estavam satisfeitos com o que tinham. Dúvida que pretendo sanar em breve com uma matéria que estou preparando. Com isso, vou entrevistar os nativos e questioná-los sobre seus gostos e desgostos entre o que já lhes pertence e o que lhes são proporcionados por forasteiros. Espero que você possa fazer parte desse censo.

De todo modo, fico contente em perceber que o blog está sendo visto pela comunidade local, e melhor, a comunidade está interagindo de maneira como não havia visto antes. Mas imagino que a sua opinião não reflita a opinião da maioria, tanto no que concerne ao Café & Cultura quanto aos projetos de extensão da UFRB. Recebo com muito carinho seus parabéns por minha “iniciativa e coragem de propor algo à Amargosa”, e retribuo dizendo que apesar de toda a sua atrapalhada seu recado para os professores foi dado. Espero que eles, assim como você, visitem o blog para saber que eles não são tão bem aceitos por aqui. Obrigado por participar e continue nos acompanhando.

Um comentário:

Gilfranco disse...

Gostei New...
Para muitos dessa cidade, os professores são apenas uma fonte de exploração; o capital financeiro dos professores pago pelo Estado é única coisa que há de útil para muitos nessa cidade... E fica a gente na Universidade falando de Política de Fixação... A única coisa que tem crescido nessa cidade é o comércio e alguns proprietários de casas e terras... e nem existe um projeto político autêntico de benefício ao todo da comunidade... o povo fica sendo enrolado com os são joões da vida... onde reina a exploração não há espaço para a cultura, seja ela popular ou acadêmica... só há espaço para massificação e exploração dos indivíduos...
Gilfranco.