Por Led Beslard

Somos pessoas dependentes. Já parou pra pensar nisso? Desde que nascemos, algumas coisas como comer, beber, dormir, entre outras necessidades fisiológicas, nos são vitais. Com o passar dos anos, conquistamos alguma autonomia em nossas ações, e a partir daí acreditamos sermos independentes.
Entretanto, é inevitável que de uma forma ou de outra sejamos dependentes de outras pessoas, de determinadas coisas e situações. E isso ocorre tão naturalmente que nem nos damos conta. Perceba que neste momento você está, provavelmente, buscando se informar, se distrair ou apenas com a curiosidade aguçada para ver o que saiu no blog hoje. Enfim, você depende de um computador ligado à rede elétrica, conectado à internet, depende também de alguém que tenha publicado algo novo, ou seja, seu desejo não poderá ser satisfeito apenas por seu querer.
Numa situação comum em que, por exemplo, o marido quer fazer sexo e a mulher não quer (alegando dor de cabeça), ou ao contrário a mulher quer, mas, o companheiro não está dando conta, podemos perceber que um depende do outro para terem prazer. Um amigo meu argumentou que nessa situação ambos poderiam se masturbar, não precisando da atuação do outro. Mas, ainda assim cada um precisaria de algo que os excitassem, como se costuma dizer "teriam que ter uma intenção", logo, mais uma dependência.
Quando falamos em dependência, a primeira coisa que vem à cabeça de muitos é a relação humana com as drogas. Algumas pessoas aproveitariam para dizer que usuário não é dependente. Mas, para que haja consumo de drogas, sejam elas em muito ou pouco uso, legais ou ilegais,caras ou baratas é necessário que existam também produtores, fornecedores e distribuidores. Gerando assim uma rede de dependências, ou seja, um não existe sem o outro.
Na música "Independência", da banda Capital Inicial, a letra diz "procuramos independência, acreditamos na distância entre nós". Realmente, buscamos ser pessoas independentes, mas, ao mesmo tempo estamos sempre nos prendendo a algo. Zeomar Pinheiro, contabilista, certa vez me disse que "para cada crédito cedido surge um novo débito de igual valor". Ela falava de coisas ligadas à contabilidade, mas associei tal idéia a nosso assunto em questão, e é assim que percebo.
Não sou um radical e nem quero com este texto causar angústia em ninguém, pelo contrário, tento mostrar que essa incessante busca por independência às vezes parece não fazer sentido. Independência do Brasil, independência financeira, independência artística, independência feminina, independência pessoal, nossos sonhos ainda não realizados. Desculpem não ter a referência, mas li em algum lugar algo como: “a dependência faz parte da natureza do homem, uma vez que toda a existência humana está compreendida entre estados de dependência”. E então, o que acham de tudo isso?
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