terça-feira, 6 de janeiro de 2009

ATROCIDADES VS. RESPEITO.
Por Anderson Souza



No final do ano passado, participei do Processo Seletivo Simplificado – REDA (Regime de Direito Administrativo), promovido pela UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana). Ainda não obtive o resultado da prova, mas todo o processo serviu para uma reciclagem pessoal, além de despertar uma análise dos tipos de jornalismo que presenciamos hoje, principalmente nas televisões.

Segundo o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, “é dever do jornalista respeitar o direito à privacidade do cidadão”, mas não é difícil perceber que a realidade é outra. O programa Na Mira, exibido pela TV Aratu, apresentado por Uziel Bueno, é o que podemos considerar como isento de tais critérios. Particularmente, esse tipo de jornalismo não me agrada em nada. Ainda que as imagens exibidas façam parte da realidade, não compreendo a necessidade de mostrar na integra corpos fuzilados, sobretudo nos horários em que são veiculadas (7h e 13h).

Sou contra a censura. Porém, é preciso bom senso e responsabilidade ao se transmitir imagens tão degradantes e desnecessárias para o entendimento da notícia. Por outro lado, ainda baseado no Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, “a informação divulgada pelos meios de comunicação pública se pautará pela real ocorrência dos fatos e terá por finalidade o interesse social e coletivo”; portanto, o programa só existe porque tem quem assista. Parece-me que o povo gosta mesmo é de ver a desgraça alheia, só não sei se isso agrada à família das vítimas.

Mas, algo realmente me intriga! Suponhamos que o apresentador, ou qualquer um outro que faça parte da produção desse que considero um circo dos horrores, fosse encontrado morto com marcas de tiros na cabeça e na boca, por exemplo. Será que a emissora exibiria as imagens da cena do crime, repetindo-as alternadamente com os comentários do apresentador (que, em grande parte, se restringem à frase: “o sistema é bruto”) e bordões patéticos da “coisa” (que me perdoe meu colega Valdeck!)? Será que o programa agiria de modo semelhante ao que faz diariamente em se tratando dos desconhecidos?

Bom, apesar de tudo isso, tenho a opção de mudar o canal ou até mesmo desligar a tevê. Contudo, seria mais interessante que emissora, produtores e jornalistas repensassem a maneira de abordar certos conteúdos, além de como é importante trabalhar com ética e respeito ao público.

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