Por Anderson L. Souza
Em 2018, quando trabalhava como Coordenador Cultural, no projeto Escolas Culturais do Governo do Estado, tinha, entre outras funções, estimular toda comunidade amargosense, em especial jovens e estudantes, a desenvolverem produções artísticas, promovendo eventos e oferecendo condições de apresentarem seus trabalhos e contemplarem diversas outras manifestações culturais.
Desse modo, usei o Colégio Estadual Pedro Calmon como ponto de apoio. Lá pude conhecer diversos alunos que já se relacionavam com linguagens como o teatro, a dança, a fotografia e principalmente a música. Assim conheci Gabriel, que usava Se7h MC como nome artístico. Em um dos eventos que promovi ele estava na programação para apresentar seu repertório musical, mas acabou adoecendo e não pôde participar da atividade, infelizmente.
O tempo passou e hoje tenho a alegria de saber que Se7h acaba de lançar um EP, através da lei de incentivo artístico cultural Aldir Blanc. Intitulado “Marg House”, o material traz seis faixas, e conta com diversas participações. Seguindo a linha do trap, com sotaque amargosense, Se7h apresenta um trabalho bem elaborado, fruto de muito estudo e prática. Com a experiência musical derivada da cultura hip-hop, além de se manter diante dos microfones, Se7h é responsável pela conhecida Batalha da Pista, evento que abre espaço para que outros jovens possam se expressar através de ritmos e poesias.
Em uma breve entrevista que fiz recentemente com ele, temos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o MC e, principalmente, detalhes do seu recém lançado “Marg House”. Confiram...
Você é um dos criadores do movimento “Batalha da Pista”. Como foi todo o processo de criação até a realização do evento?
Se7h – A gente já acompanhava há um tempinho, né?! Haviam batalhas grandes em Brasília, BH, RJ, SP e a gente queria trazer algo desse tipo pro nosso próprio entretenimento, já que a gente curte muito rap. Aí acabou se tornando algo maior, de forma natural. A gente levava uma caixinha bluetooth, o celular com os beats e organizava as batalhas bate volta, de forma eliminatória, até ter um vencedor. Já fizemos alguns eventos com premiações e patrocínios. Além do Festival Hip-Hop, com apoio da Prefeitura de Amargosa.
Amargosa é popularmente conhecida pela cultura do São João. Qual a sua visão sobre a cultura Hip-Hop na cidade?
Se7h – Já existiam adeptos e praticantes da cultura Hip-hop em Amargosa, porém nunca haviam feito um projeto que houvesse tanto êxito como a Batalha da Pista. E acho que a criação da batalha foi o estopim para o crescimento da cultura hoje em Amargosa. Hoje, nós já temos mais de dois estúdios na cidade, voltados especificamente pro Rap, o que antes da batalha não existia. Com um engajamento cada vez maior, eu penso que daqui a algum tempo a cultura Hip-hop pode ser rentável e sustentável para seus praticantes, assim como a cultura junina.
Você tem algumas músicas disponíveis na internet e acaba de lançar o EP “Marg House”. Sobre quais assuntos você versa em seus trabalhos e qual o mote desse novo material?
Se7h – Nesse projeto eu consigo versar sobre várias coisas, desde o sentimentalismo familiar em “Nuvens”, até os pensamentos mais construídos e uma ideologia versada mais densa como em “Anjos” e “Herói sem Capa”, uma estética mais relacionada ao Trap que fala sobre bens materiais e dinheiro, em “Flow James Harden” e “S.P.R”. E por fim uma estética do pagodão baiano no rap, feita na última faixa “Modo La Fúria III”. Então, eu creio que além do experimentalismo o mote desse material me remete a uma raiz construída, desde a criação da Batalha da Pista, e uma vivência construída dentro do RAP, com todos aqueles que fizeram parte desse EP.
O título do EP parece fazer referência a Amargosa como sua casa. Poderia falar um pouco sobre o conceito musical e da arte gráfica?
Se7h – Sim, o título faz referência à cidade, “Marg” é um acrônimo que remete ao nome da Cidade Jardim, e “Marg House” foi como ficou conhecida minha casa depois de vários rolês no fim de 2017, e no ano de 2018, onde eu me reunia com uma galera pra fazer freestyle e escrever mais algumas coisas. Então, como eu falei anteriormente, o conceito principal que eu gostaria de trazer nesse EP é a volta dessas origens. Já a arte gráfica feita por @jhoworiginal é uma releitura de uma arte previamente feita por meu mano @nasnobeat, de forma central traz a intitulada Marg House e ao seu redor eu quis fazer menções a algumas faixas do EP, como “Anjos e Nuvens”.
Ritmo e Poesia constituem o Rap. Quais são suas principais influências em cada uma das partes?
Se7h – As minhas maiores influências, assim como para 95% dos envolvidos no RAP, sempre vão ser Racionais e Sabotage, mas eu tive um processo de evolução artístico e lírico muito grande, na época que eu ouvia NSC, hoje em dia, liricamente e esteticamente falando, minhas referências são respectivamente Djonga, de Belo Horizonte e BC Raff, de Guarulhos.
Qual seu objetivo como artista no mundo da música e, particularmente, na cultura hip-hop?
Se7h – Sempre costumo dizer que não sou rapper, e sim um músico disposto a participar de todo tipo de arte que venha a me agradar. Como artista eu espero sempre me reinventar para manter minha arte algo novo e moderno e não como algo retrógrado, e particularmente no hip-hop eu pretendo fazer história de uma forma grandiosa e positiva com algo que me faça ser lembrado por todos amantes da cultura.
Um comentário:
Muito bom o som!
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