Por Anderson L. Souza
É com grande satisfação que apresento “Isolation”, um curta-metragem
com estética surrealista, idealizado, produzido e dirigido por mim. A ideia
para a realização deste trabalho surgiu do desejo de expressar, através de sons
e imagens abstratas, o livre pensamento sobre o estado de isolamento físico e
mental, por vezes intencional, por vezes involuntário. Com essa película,
abre-se ao espectador a possibilidade de dispersar-se da realidade, ainda que
momentaneamente, para uma fruição livre de amarras ou censuras, propícia às
mais diversas interpretações, ou não.
Contei com a colaboração da minha esposa, Geovana Monteiro,
na coleta de imagens, atuação e com opiniões gerais. E foi um privilégio ter a
participação dela em todo o processo, principalmente quanto às questões
teóricas e filosóficas que fundamentam o filme. A composição da trilha sonora,
com a música “Spectro”, foi mais um desafio em que me lancei quando tentei unir
o sentimento do som com o teor absurdo das imagens.
Aqui é posta uma situação maniqueísta na qual esperança e
desolação nos atormentam durante indeterminados dias, entre buscas, perdas,
companhias, solidão, avanços, retrocessos, insanidade, bom senso, medos,
ansiedades, necessidades, solidariedade, numa batalha nada convencional da vida
contra a morte.
“Isolation” não tem a intenção de causar ainda mais
sofrimento, embora isso também seja possível, já que há no filme sutis elementos
recolhidos da catastrófica realidade atual. Mas propõe um confronto com a
obviedade que passa ao lado do que realmente pode se ver ou ler aqui.
Situações de dor podem e devem nos mover à reflexão ou mesmo
a instantes de prazer, ainda mais quando expressas através de comunicações
artísticas. E assim me sinto... um pouco mais leve, minimamente alegre, mais
disposto a enfrentar com racionalidade, ligeiramente sóbria, o que surgir.