A NEBÓRIA E O ROCK NÃO MORRERAM

Por Anderson L. Souza.

Hoje é realmente um ótimo dia para comemorar. Após catorze anos em sono profundo, a banda soteropolitana Nebória retorna apresentando um clipe apocalíptico da música “A Queda”, em homenagem ao Dia Mundial do Rock. Ou seja, parece que nem a Nebória nem o Rock morreram. Mesmo com a formação modificada, membros da formação clássica da banda participam do projeto: Led Beslard (Guitarra e Vocal) Luidi Pussente (Bateria) e Porco (Baixo).

A música aparecia com frequência no repertório da banda quando ainda tocavam ao vivo, mas nunca havia sido gravada. A verdade é que antes da ruptura entre os integrantes, já havia planos e músicas suficientes para um substituto do “Sobreviver”, primeiro Cd (Demo) lançado em 2001. Nessa época, com Badú Bessa também nos vocais.

“A Queda” segue em andamento quase arrastado, mas com o peso característico que a banda trazia em suas músicas, outrora. A letra tem um tom de esperança em meio aos conflitos existenciais que acometem muitas pessoas. Tudo muito bem representado nas caóticas imagens organizadas em uma bela simetria, na interpretação de Rafael Pinheiro (War Pigs Corp). Já a gravação da música e toda produção de áudio ficou a cargo de Led Beslard (New Brutality Produções). Outro detalhe muito importante na produção dessa faixa é que a bateria foi produzida pelo saudoso Louis (Dan Studio), talentoso baterista e produtor das principais bandas da Bahia. E parece ainda haver algumas outras produções dele guardadas para serem lançadas em breve.

Ainda é uma incógnita o futuro da Nebória. Parece haver planos de lançar outras músicas e, quem sabe, uma apresentação ao vivo. Mas, nada está oficialmente confirmado. Outros antigos membros da banda foram procurados para se juntarem e colocarem algumas ações em prática. Porém, outras tantas prioridades de cada um impediram outras participações.

De qualquer modo, agora com suas três cabeças, a Nebória honra o legado que construiu no cenário alternativo de Salvador celebrando, com um material audiovisual de alto nível, o dia mais significativo para os amantes do Rock n’ Roll e suas ramificações. Viva o Rock!!! Viva à Nebória!!!

ISOLAMENTO PRODUTIVO

Por Anderson L. Souza

Nesse longo período de isolamento social, que enfrentamos por causa da pandemia do corona vírus, compus e gravei um conjunto de músicas, todas assinadas simplesmente como Led Beslard. Em momentos solos ou contando com participações especiais, as músicas ganharam vídeos, para melhor expressar os conteúdos e ampliar a divulgação.

"Black Blood" – Uma instrumental, ao violão, com pegada tribal. Compus essa canção identificando minhas raízes culturais. Aqui trago a afirmação de que vidas pretas importam.

"Sobre o Natural" – Mais uma música instrumental, agora com ritmos latinos sobre um clima sereno. A conexão entre o som e imagem foi muito importante para esse registro. A fotografia foi registrada por Tony Sales.

“Algoritmos” – Num olha crítico sobre o nossa relação com as redes sociais compus essa música. 

"Cada Pedaço" – Uma das primeiras músicas que trabalhei com Laura Juliana, minha amiga e parceira musical de longa data. Numa versão mais rock n’ roll, a música funcionou bem com um embalo mais acelerado.

“Intruso” – Em uma modesta reflexão sobre identificação, representação e pertencimento surgiu essa pedrada. Com elementos do rockabilly, punk rock e, talvez, mangue beat, essa música é simples e direta. Aqui tive a participação de David Cintra, no baixo.

“Agridoce” – Eis uma música que demorou pra ser gravada. Muito em razão da minha espera pelas colaborações iminentes, o que no final não ocorreu. Com exceção do solo feito por Daniel Dattoli, já na prorrogação. Saiu bem nos moldes do “faça você mesmo”.

"Chama da Alegria" – Uma grande novidade em minhas composições: um forró. Outra parceria minha com Laura Juliana (eu a música e ela a letra). A música foi apresentada no dia do São João, com Juliana cantando e Robson Araújo fazendo o baixo.

"Alice's Sound" – Em mais uma experimentação musical surgiu essa música hibrida. Com vocalizações da pequena Alice (sobrinha da minha esposa), criei uma atmosfera dançante em torno das sobreposições de guitarras e programações aleatórias.

“Ninguém” – Composição antiga, da minha época de Nebória, revisitada após o riff da música ganhar um concurso da revista Rolling Stone Brasil. Meu amigo baixista Rafael “Porcão”, também ex-Nebória, participou dessa nova versão.